sábado, 21 de abril de 2012
PRÉFACIO DO LIVRO O FENÔMENO DO EMPREENDEDORISMO -
Empreendedorismo e Inovação:
requisitos para criar riqueza no futuro
Joaquim Borges Gouveia, Prof. Catedrático da Universidade de Aveiro
Diretor do DEGEI, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial da Universidade de Aveiro
Nos próximos anos colocar-se-ão enormes desafios decorrentes da actual situação económica mundial, resultante dos processos de globalização cujas consequências ainda estão longe de se encontrarem analisadas e conhecidas.
Neste conjunto de novas situações, cada um ver-se-á obrigado a definir um novo paradigma de competitividade, baseando-se num modelo assente na capacidade de conceptualizar, analisar e perspectivar o desenvolvimento de novos produtos, serviços ou negócios em vez da satisfação de encomendas de terceiros cujo racional passa sempre pela produção de grandes quantidades com custos muito esmagados.
Esta alteração de paradigma implica uma maior capacidade científica e tecnológica dos recursos humanos nas empresas e do país, tornando o conhecimento num vector de competitividade absolutamente decisivo. Implica também a capacidade de desenvolver uma nova cultura empresarial, baseada na inovação, na competência, no empreendedorismo e no modelo em rede.
Estas características têm de fazer parte dos sistemas nacionais de ensino, formação profissional e educação ao longo da vida. É absolutamente necessário promover o aparecimento de uma nova classe empresarial virada para negócios de base tecnológica e com uma crescente componente de informação e conhecimento de rápida aplicação aos negócios, seguindo o desenvolvimento sustentável.
Nesta década, a competitividade dos países e das empresas tem assentado na informação, no conhecimento e na competência dos seus recursos humanos e por isso os factores de competitividade decisivos foram a inovação, a tecnologia e capacidade estratégica e de organização das pessoas e das empresas.
A mobilidade e a autonomia de saber fazer e de fazer fazer serão decisivas para que o crescimento económico seja sustentável a longo prazo. E isto só é conseguido com cidadãos mais educados, mais cultos, com uma forte componente ética e responsabilidade social e claramente mais empreendedores.
O modelo assente na concorrência foi progressivamente substituído por um modelo assente na cooperação e no partenariado com a procura da satisfação de novas oportunidades para criar novos produtos e serviços, de criar novas oportunidades de negócios e fazer crescer a actividade económica sem que a nossa classe empresarial tivesse a capacidade de alterar a sua postura e mudasse o paradigma de concorrência para uma postura de cooperação e de desenvolvimento de novos produtos e serviços com maior valor acrescentado.
A evolução dos negócios e das actividades económicas na última década tem conduzido, cada vez mais, a uma procura de soluções globais para os produtos com uma incorporação de serviços, exigindo uma maior formação académica, científica e profissional dos trabalhadores.
A competitividade e a inovação colocam às empresas do nosso país, um conjunto de desafios dos quais se destacam os seguintes:
- uma cultura do saber científico e tecnológico;
- um espírito empreendedor e de uma capacidade de inovação;
- capacidade de auto-aprendizagem ao longo da vida, criando estímulos para a melhoria da produtividade individual e de grupo/equipa;
- capacidade estratégica e de visão sobre novas oportunidades de negócios ou novas actividades;
- capacidade de liderança, de organização por processos e de gestão por projectos
A evolução dos negócios ao longo das últimas décadas tem implicado que novos conceitos e novas tecnologias sejam, utilizados sempre motivados pela crescente abertura dos mercados e internacionalização da economia, devido à globalização dos produtos e serviços, pela necessidade de criação de uma visão sistémica e integrada da empresa, uma crescente flexibilidade dos processos produtivos e por uma cada vez maior diversificação dos produtos e dos serviços.
O desenvolvimento económico sustentado é sem qualquer sombra de dúvida, assente na capacidade de gestão da tecnologia e no domínio da utilização das novas tecnologias. É através da tecnologia que se induz inovação de forma sustentada, sendo o acesso à tecnologia e a capacidade de a gerir de uma forma eficaz e eficiente o que torna as empresas mais competitivas e com sucesso mais duradoiro.
Mas a rotura de um sistema tecnológico permite a entrada de novas empresas concorrentes em mercados que até aí eram dominados por empresas que detinham o conhecimento das tecnologias maduras existentes no ciclo técnico-económico anterior. Aumenta a probabilidade de entrada no mercado de novos empreendedores.
Os novos modelos de organização, planeamento, direcção, gestão, produção e operação das empresas, baseado em redes cada vez complexas, permite a focalização no cliente determinando a melhor relação preço/qualidade, ciclos de desenvolvimento de novos produtos e serviços mais curto, uma resposta rápida aos clientes e ainda a customização, personalização e diferenciação dos novos produtos e serviços das empresas que assentam o seu modelo de competitividade nos recursos humanos, na inovação e no empreendedorismo dos seus colaboradores.
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