domingo, 12 de setembro de 2010

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO, INCUBAÇÃO E A LEI DE INOVAÇÃO - O (DES)PREPARO PODE (IN)VIABILIZAR UM EMPREENDIMENTO

A passagem de assalariado para empreendedor exige planejamento e persistência, pois o retorno pode demorar mais do que espera o criador do negócio. A realização profissional, financeira e pessoal - a felicidade - de quem deixa a condição de empregado para tentar a sorte em um negócio próprio, está ligada à maneira como é feita a preparação para essa mudança.
O domínio de aspectos psicológicos - como a consciência de uma possível perda de status-, materiais - estar preparado para investir durante um período considerável de tempo na maturação do negócio - e estratégicos - pesquisar o mercado e avaliar sua afinidade com ele - são os principais fatores de sucesso do novo empreendedor.
As principais armadilhas para o empreendedor são:
a) escolher negócio incompatível com sua personalidade, habilidades e experiência profissional;
b) as expectativas;
c) fazer avaliação incorreta do mercado e da aceitação do produto;
d) desconhecer princípios de administração, finanças e contabilidade;
e)exagerar na obtenção de empréstimos;
f) divulgar-se de forma ineficiente ou cara;
g) aplicar técnicas inadequadas de vendas;
h) não calcular o preço de vendas e estoque ideais;
i) contratar funcionários além do necessário; j) viver do fluxo de caixa e não dos lucros; e
k) ao primeiro sinal de sucesso, tentar dar o passo maior que a perna.
Quando um empreendimento parece saudável, é difícil se comportar como se houvesse uma crise. Eis porque uma das etapas mais difíceis em gestão, especialmente em empreendimentos de alta tecnologia, é reconhecer a necessidade de mudança e mudar, enquanto é tempo. É preciso estar vigilante para perceber a onda de mudança; nem sempre esta tarefa é fácil.
Frente a toda essa onda de mudanças, as empresas podem ser tentadas a adotar modismos atuais da administração que apregoam mudanças radicais em todas as suas dimensões. Os empreendedores deveriam tomar cuidado porque esses modismos não apenas estão errados, mas são também perigosos. Qualquer instituição humana que quer ser duradoura precisa ter um conjunto de valores básicos e um senso de propósito central que nunca deveriam mudar.
Quando o ambiente competitivo de uma empresa está mudando, contribui, de forma significativa na postura do empreendedor ao afirmar: “Vamos levar isso adiante. Vamos usar alguns de nossos recursos e ir adiante”. Todavia, a realidade demonstra que este comportamento, infelizmente, é raro. A luta pela sobrevivência no mercado é, realmente, muito árdua, tendo o empreendedor que enfrentar desafios a todo instante.
Empreendedor de sucesso está sempre enfrentando a todo instante uma verdadeira corrida de obstáculos. Os erros mais comuns na gestão de empresas de base tecnológica são:
a) desconhecer as necessidades do consumidor;
b) depender de poucos fornecedores e compradores;
c) basear o negócio em apenas um produto/serviço;
d) desprezar a concorrência;
e) ignorar as variáveis e tendências do mercado;
f) prescindir de vantagens competitivas;
g) descuidar da formação e treinamento dos funcionários;
h) esquecer de definir metas;
i) usar equipamentos e processos industriais e administrativos obsoletos;
j) deixar de definir parâmetros e sistemas de controles;
l) negligenciar no controle de qualidade;
m) dimensionar mal o nível de endividamento; e
n) investir pouco ou nada na imagem da empresa.
Em qualquer época ou circunstância, nenhuma empresa jamais será bem-sucedida sem um modelo ou uma teoria do negócio que responda sem dificuldades as indagações há tempos formuladas por Drucker(1985):
a) Quem é o cliente?
b) O que é importante para ele? Além disso, responde também àquela pergunta que todo empreendedor sério se faz: como é possível ganhar dinheiro nesse negócio? e
c) Que lógica econômica permite que eu proporcione ao cliente aquilo que ele deseja a um custo suportável?
O risco do fracasso é algo com que o empreendedor tem de aprender a conviver. Todo fracasso empresarial tem sua própria história, sendo este, na maioria das vezes, fruto de equívocos que podem levar o empreendimento à falência. O empreendedor, geralmente, percebe que o fracasso é uma excelente oportunidade de começar novamente, inteligentemente, mais experientemente, um novo empreendimento.
O sucesso de um empreendedor pode ser precedido por uma série de fracassadas tentativas de empreender um negócio com êxito.
Para sobreviver, os empreendedores devem perceber que é necessário desenvolver mecanismos visando:

a) adaptabilidade: quando o tempo é de transformações é preciso mudar rapidamente para poder acompanhá-las;
b) independência: empreendedores não desejam um emprego, por mais seguro que seja. O controle de seu próprio destino é dos seus principais objetivos;
c) audacioso: arrojado, fixa meta e objetivos desafiantes para si e seus colaboradores;
d) persistente: enfrentar com muita garra os obstáculos, procurando fórmulas criativas para vencê-las;
e)aceitação de sacrifício: tem plena consciência do preço do sucesso - adia retiradas monetárias, caso a situação do empreendimento exija este comportamento;
f) habilidade para dirigir seu empreendimento em tempos de mudanças e turbulências;
g) capacidade para avaliar suas idéias, dimensionando-as em termos de oportunidade; e
h) ter o espírito empreendedor no seu sangue.
As chaves para o sucesso gerencial dos empreendedores de empresas de base tecnológica. Os passos necessários para que o empreendedor de base tecnológica seja bem-sucedido são os seguintes:
a) investir toda a força de sua juventude na determinação e perseguição de elevados objetivos;
b) perceberem que nunca devem deixar de estudar - a reciclagem e a aquisição de novos conhecimentos são de fundamental importância para um empreendedor de empresa de base tecnológica;
c) ser criativo;
d) ser inovador; e
e) cercar-se da melhor equipe de colaboradores que puder montar.
Somem-se a estas, outras fortes características: a busca pelas oportunidades e iniciativa, a persistência, a capacidade de correr riscos calculados, exigência da qualidade, eficiência e eficácia, comprometimento, busca de informações, estabelecimento de metas, planejamento e monitoramento sistemáticos, persuasão e rede de contatos, independência e autoconfiança. Tudo isso faz parte do que McClelland (1961, 1965, 1995) constatou em seus estudos, identificando três necessidades básicas que os indivíduos apresentam: realização, poder e afiliação.
Portanto, empreendedor é todo aquele trabalhador, toda aquela trabalhadora, que põe em execução o sonho de gerenciar seu próprio negócio, que está atento às mudanças e as entende como provocações para a criação de novos saberes, produtos ou serviços, que é capaz de se agregar a outros trabalhadores e promover mudanças estruturais na economia e na sociedade. No entendimento de Leite (2002) ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em uma oportunidade de negócio, motivação para pensar conceitualmente, e a capacidade para ver, perceber a mudança como uma oportunidade.
Transformando uma Visão em uma Oportunidade de Negócio – O Empreendedor, a Empreendedora do Século XXI.
Os constantes avanços tecnológicos provocaram mudanças na estrutura, forma e na definição de emprego. Tomo como conceito uma definição de emprego muito clara: ato ou efeito de empregar, função, cargo, colocação, lugar, ocupação, trabalho, situação ou funções de quem faz serviços em repartição pública ou estabelecimento particular, cargo etc.
Este é o conceito que a maioria dos brasileiros, portugueses e espanhóis incorporou ao seu dia-a-dia. Emprego como sinônimo de garantia e estabilidade. Culturalmente apreendido e repassado de geração em geração, mas com uma significação estática, fixa. Mesmo com todo o aparato tecnológico e os avanços nesta área, as pessoas que ingressam ainda hoje nas universidades, ou mesmo nos cursos de nível técnico almejam um mesmo futuro: terminar o curso, ser contratado por uma multinacional ou por uma estatal e assim ter uma vida “normal”.
Essa visão estática do termo emprego seria perfeita se estivéssemos situados na primeira metade do século passado, onde as linhas de produção exigiam trabalhos manuais, repetidos e o raro uso da inteligência e do conhecimento.
A mulher, personagem até então reservada aos cuidados da casa e à educação dos filhos, emancipa-se e paulatinamente ingressa no mercado de trabalho. A sociedade urgia mudanças e novas saídas para o crescente desemprego e a grande falta de perspectiva de vida para os muitos brasileiros. E como a evolução é um processo contínuo e o ser humano tem a capacidade nata de surpreender e superar qualquer barreira, o Brasil ainda que tarde, estão mudando.
E é essa capacidade de mudança que o ser humano se permite ter, alimentada pela falta de perspectivas de emprego, no campo do trabalho e pelos avanços tecnológicos que proporcionou, ainda que a poucos, o acesso à rede de informações mundiais, via computador, que possibilitou a gestação e o nascimento de uma nova forma de trabalho: o empreendedorismo.
Para essa aptidão ímpar de mudança e de adequação peculiar ao homem e à mulher, tão necessários na composição das características do empreendedor, esta capacidade de adequação e transcendência aliada à necessidade e à coragem de propor e implementar mudanças é o adubo perfeito para o empreendedorismo. E o momento histórico requer iniciativas, descobertas e novos caminhos como as criadas pelos empreendedores. Do início da teoria econômica, com Adam Smith, até muito recentemente, os economistas explicavam o desenvolvimento das nações como resultado de três variáveis: mão-de-obra barata, matéria-prima abundante e capital disponível para investimentos. Hoje, sabe-se que existem duas outras variáveis, provavelmente mais importantes que as demais: a tecnologia e o ”empreendedorismo” (o espírito empreendedor). O empreendedor/criador de empresas de base tecnológica, via incubadora, é um filho da revolução do saber, que a cada dia aumenta o seu quociente de inteligência.
Para criar realmente o espírito empreendedor em nossos jovens, para o desenvolvimento de um negócio próprio ou a própria vida com elevado espírito empreendedor, é preciso desenvolver a capacidade de perceber seus próprios talentos e vocações, de sonhar, aprender e se esforçar na edificação de seu próprio futuro. Além disso, é necessário direcionar sua atenção para as oportunidades que existem em seu entorno socioeconômico. Vivemos a era da criação de oportunidades.
Espera-se que o ensino do empreendedorismo estimule o desenvolvimento da capacidade empreendedora, aliada à aprendizagem adquirida e a força disponível nos jovens com bom nível de maturidade.

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