Com o advento da tecnologia várias portas se abriram: a livre concorrência, o contato com diversas marcas e produtos mundiais, o acesso a informações on-line, guerra de preços. Tudo isso provocou uma mudança no papel do consumidor, que passa da postura de sujeito passivo do mercado para verbo, ou seja, aquele que determina a ação, em outras palavras, que escolhe, decide e efetua a compra.
Homens e mulheres estão cada vez mais exigentes quando o assunto é qualidade, preço e adicionais acrescidos aos produtos e serviços. Ganha o cliente quem primeiro identificar quais são as necessidades destes. De nada adiantará qualquer avanço tecnológico se este não for aplicado no aprimoramento do produto ou serviço e na busca da satisfação do público a que ele se destina.
É bem verdade que a era da informação e, por conseguinte, do desenvolvimento tecnológico, modificou e até mesmo extinguiu alguns empregos, mas também é verdade que muitos outros foram criados, como é o caso dos profissionais da informática, abrindo ainda possibilidades em vários outros campos como a medicina e as comunicações.
O importante nesse contexto é perceber que dimensões foram ampliadas com o aprimoramento científico. A era do conhecimento elevou o objeto de estudo que passa do produto para as idéias: “O empreendedorismo será a alternativa profissional para muitos indivíduos no século XXI (...) as idéias são a nova moeda do mundo empresarial.”
É nesse contexto que se estabelece de forma decisiva a figura do empreendedor. Ele surge como uma alternativa viável, qualificada, responsável e com capacidade de gerenciar os conflitos que o mercado global apresenta. E o campo central dessa história é ocupado pela inteligência: “Conhecimento é poder. É a importância da tecnologia, sua implicação no dia-a-dia das empresas, na superfície palpável dos negócios, ou seja, o impacto da tecnologia sobre os clientes, processos, serviços, comércio internacional (...)”
Essa nova categoria de trabalhador, o empreendedor/ empreendedora, tem consciência da importância da tecnologia e dos avanços promovidos por ela e, principalmente, das implicações no dia-a dia das organizações. Neste momento, as empresas precisam pensar e agir como “organismos vivos” e se adaptar às mudanças econômicas, sociais e tecnológicas para continuarem a sobreviver.
Esta era de constantes mudanças no campo da tecnologia propõe, ou melhor, impõe uma mudança concreta na forma de pensar e agir. São necessárias e urgentes adaptações na forma como aprendemos e construímos novos saberes.
Importante fazer uma reflexão a cerca das conseqüências de posturas e perspectivas impostas pelos que ele chama de a “era digital”. A realidade que enfrentamos é muito preocupante, porque o que está a desaparecer não são apenas determinados empregos em setores de atividade específicos. O que está a desaparecer é a figura do emprego em si. Essa entidade social tão procurada como uma espécie que ultrapassou o seu período evolutivo. Atualmente, o mundo do trabalho está novamente a mudar. As condições que há 200 anos criaram empregos - a produção em massa e as grandes organizações - estão a desaparecer. A tecnologia nos permite automatizar as linhas de produção, quando anteriormente um elevado número de empregados executava tarefas repetitivas. Em vez de longos processos de produção, onde a mesma ação tem de ser repetida vezes sem conta, opta-se, cada vez mais, por uma produção individualizada.
As grandes companhias, onde antes se encontravam os melhores empregos, estão a desdobrar as suas atividades e entregá-las a pequenas empresas que criaram ou ocuparam nicho de mercado rentável. Os serviços públicos estão a ser privatizados, e a burocracia governamental, o último bastão da segurança no trabalho, tem vindo a ser reduzida. Com o fim das condições que criavam empregos, desaparece a necessidade de rotular o trabalho dessa forma.
A maioria das pessoas ainda não conseguiu digerir a idéia do fim dos empregos. Elas fazem uma leitura errônea da situação. Para muitos, o fim dos empregos significa o fim do trabalho e isso não é verdade. O que o atual sistema impõe são mudanças na visão, no aprimoramento e na forma de execução e criação de produtos e de serviços. O caminho que se abre é o das organizações individuais, ou seja, o indivíduo, que é dotado de saberes e capacidades, oferece a sua mão-de-obra, seus conhecimentos e aptidões para a execução dos serviços.
Na verdade, aumenta e muito a quantidade do trabalho. E isso porque agora ele, o trabalhador/ a trabalhadora, terão que fazer tudo, agora ele/ela são a empresa. É preciso ter consciência das suas habilidades, irem à busca dos clientes, convencê-los de que é a melhor opção, ter preço e prazo, oferecer serviços de qualidade, dar garantias, pagar impostos. Em outras palavras, ele terá que ser o administrador, o contador, o profissional de marketing, o vendedor, o departamento jurídico. Some-se a tudo isso a necessidade de estar constantemente olhando o mercado e percebendo suas atualizações e mudanças. Enfim, ele sozinho terá que fazer tudo que uma empresa com vários funcionários fazia e ainda se sair bem, só assim garantirá sua existência e subsistência. Estes empreendedores e empreendedoras precisam descobrir/criar novos nichos de mercados.
Um primeiro entrave nessa mudança de perspectiva frente à idéia de emprego e trabalho está na formação cultural e acadêmica ainda adotada na nossa sociedade. As pessoas são formadas para trabalhar, num sentido de execução de atividades, quando deveriam ser provocadas a pensar, num primeiro momento, e a ousar e ter a capacidade para arriscar-se, num segundo. O empreendedorismo caminha de mãos dadas com esses elementos: a ousadia, a coragem de tentar e de transpor barreiras e, principalmente, com a capacidade de criar e implementar.
Mas a escola brasileira não pensa assim, ela veta a capacidade do ser humano de pensar e resume-se apenas a repassar informações. A interdisciplinaridade não é praticada, assim como também não é desenvolvida a capacidade de inter-relações, outro elemento importante para o desenvolvimento do espírito empreendedor.
Mas as modificações no mundo do trabalho já começaram a acontecer. É só parar um pouco e observar: cresce, no Brasil, o número de empresas de pequeno e médio porte, há cada vez mais profissionais liberais ou free-lances no mercado funcionando como empresa física, aumenta-se também o número de empresas terceirizadas e, como não poderia deixar de ser, estas pessoas procuram cada vez mais por informações e conhecimentos. Afinal, estamos na era da informação digital e tudo passa por ela, pois o mercado agora é uma aldeia global.
O Brasil está então em um caminho sem volta. Portanto, é preciso mergulhar nas novas possibilidades. Encorajar, incentivar e apoiar o desenvolvimento do espírito empreendedor e da iniciativa individual, especialmente as iniciativas de base tecnológica.
A condição de trabalhador/empreendedor autônomo impulsiona transformações na prática e no exercício diário destas pessoas. É preciso investir cada vez mais no conhecimento e na atualização. Estudar passou a ser um compromisso que independe de idade e nível de formação. Uma outra mudança é na forma de trabalhar. O empreendedor não precisa, necessariamente, estar presente fisicamente na organização onde trabalha. Com a internet, é possível estar “ligado” à empresa, mesmo à distância. Isso não só significa novidade, como também redução de custos. O importante é a promoção dos resultados, e não o método como eles estão sendo feitos.
“O rápido crescimento da economia digital fará com que muitos indivíduos descubram que exercerão suas atividades profissionais, não mais na condição de meros
empregados, porém assumindo o papel de um trabalhador autônomo, por conta própria, uma verdadeira empresa individual”.
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