domingo, 24 de outubro de 2010

DESAPARECIMENTO DOS MICRO E PEQUENOS NEGÓCIOS: CRÔNICA DE UMA MORTE DESMENTIDA

Por mais de 150 anos, os discípulos de Marx, apregoaram que o primeiro passo, no caminho da grande revolução proletária, seria a destruição dos pequenos negócios pelas grandes empresas. Hoje, constata-se que esta profecia estava completamente equivocada.

A comunicação social, todos os dias, mostra exatamente o contrário. O renascimento do capitalismo na China, o Leste Europeu que troca Marx por Adam Smith, onde podemos constatar o papel importante que os pequenos negócios vêm desempenhando no ressurgimento do capitalismo nestas áreas do globo terrestre.

Até aquele que pode ser considerado como um dos últimos seguidores de Marx. O Presidente Raul Castro também está mudando de opinião e permitindo a abertura de pequenos negócios, na ilha de Cuba.

Cuba anunciou nesta sexta-feira, 22 de outubro de 2010, um novo código tributário mais favorável às pequenas empresas, em mais um sinal de que o governo quer desenvolver o setor privado em uma economia ainda dominada pelo Estado.

O governo do presidente Raúl Castro pretende triplicar, a partir deste mês, o pequeno setor privado, autorizando 178 áreas de emprego para absorver parte dos 500 mil funcionários públicos que serão demitidos em seis meses. A medida visa também cortar gastos do Estado.

De acordo com o Granma, jornal do Partido Comunista, o novo sistema fiscal parece animar, com ressalvas, o pequeno empresário, e não puni-lo, como alguns temem.

O código também substitui a regra tributária que está em vigor desde 1994, quando o trabalho por conta própria foi autorizado pela primeira vez na ilha.

A reforma tributária vem na hora em que o governo começa a eliminar 500 mil empregos públicos e se prepara para outorgar 250 mil licenças de trabalho por conta própria que poderão gerar novos postos de trabalho, o que vem sendo considerado como a maior reforma do presidente Raúl Castro desde que assumiu o cargo, em 2008.

Os novos empreendedores privados terão agora de pagar um imposto de 10% sobre as vendas e recolher outros 25% para a Previdência Social, embora ambos venham a ser dedutíveis ao final do ano.

Ele está apostando que estas empresas podem ajudar a estancar a sangria que a economia cubana vem sofrendo, desde meados dos anos 80 do século XX.

De alguma forma, Castro está colocando Cuba no meio de um dos debates mais quentes da atualidade: A micro, pequena e média empresa detêm a chave do crescimento econômico? Pode uma economia desenvolver seu pleno potencial, sem utilizar capacidade de respostas rápidas e o poder de inovação de seus empreendedores?

O que se pode observar é o surgimento, em todas as partes do mundo, dos pequenos negócios. No Leste Europeu, as pequenas empresas estão lutando para ocupar seu espaço nas emergentes economias capitalistas, os pequenos negócios enfrentam a ambigüidade dos sentimentos dos soviéticos em relação ás mudanças econômica.

A própria China está deparando-se com o paradoxo do dinâmico espírito empreendedor de seu povo, enquanto esmaga a democracia, nas praças de Pequim.

Muitas micro, pequenas e médias empresas nascem todos os dias nos quatro cantos deste planeta, porém a maioria delas morre dentro de cinco anos.

A realidade é muito cruel para com as pequenas empresas - as sobreviventes proporcionam pouco mais que uma retirada decente aos seus proprietários e um salário razoável para os seus empregados.

Porém o ponto principal do debate, discussão do papel da micro, pequena e média empresa na economia, não deve ser o fato de que elas são geradoras de empregos. O real valor destas empresas empreendedoras está em forçar com que as grandes empresas respondam também com iniciativas inovadoras, gerando novas tecnologias para novos mercados.

É o processo que o economista austríaco Joseph Schumpeter tão bem batizou de destruição criativa. Pode não ser considerada por muitos como bonita, porém é fundamental, necessária à prosperidade, crescimento, até mesmo à sobrevivência do sistema capitalista.

Criar empregos é a pilar de uma moderna economia, a outra é o papel da inovação e mudança tecnológica. As micro pequenas e médias empresas têm tornado-se uma das forças motrizes, direcionadas para tornar real esta transformação.

As micro, pequenas e médias empresas, mais do que as grandes, são as principais vítimas dos ciclos econômicos. Todos os dias, um punhado de pequenas empresas surge e um outro bom número desaparece, diante de uma série de problemas que vão desde a falta de crédito à incapacidade de gestão da empresa.

Porém as grandes empresas estão ainda se refazendo dos difíceis dias vividos pelos processos de downsing, lutando para serem ágeis como as pequenas. Veja como a IBM comporta-se em termos de inovação:

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx“A BIG BLUE” SEGUE O LÍDER

xxxxxxxxxxxxxxxxTEMPO GASTO ENTRE O PRIMEIRO PRODUTO

PRIMEIRO xxxxxDISPONÍVEL NO MERCADO E A ENTRADA DO xxxPRODUTO

PRODUTOxxxxxxxxxxxxxxxxx PRODUTO DA IBMxxxxxxxxxxxxxxxxxx IBM

DIGITAL PDP-8xxxxxxxxxxxxxxx Minicomputer xxxxxxx 11 ANOS xxxxxIBM SERIES-I
1965xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx1976

APPLE IIxxxxxxxxxxxxxxxxxx Personal Computer xxxxxx 04 ANOS xxxxIBM PC
1977 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx1981

APOLLO DN100xxxxxxxxx x Engineering Workstationxxxx 05 ANOSxxxxxIBM RT PC
1981 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx1986

TOSHIBA T-100 xxxxxxxxxxPC-Compatible Laptop xxxxxx05 ANOSxxxxxIBM L40
1986 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx1991

SUN Micro xxxxxxxxxxxxx Systems Risc Workstation xxxxx03 ANOS xxxxIBM RS/6000
1987 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx1990

Fonte: O Fenômeno do Empreendedorismo Criando Riqueza – Emanuel Leite

A estrutura básica da economia experimenta um constante processo de mudanças, que é bastante influenciado pela formação e crescimento dos novos negócios.

Este dinamismo tem produzido um virtual culto aos empreendedores. Milhares de publicações surgem, todos os dias, com títulos direcionados àqueles que querem montar seu próprio negócio. As grandes empresas estão esforçando-se para refazer sua própria imagem de empreendedoras.

Muitos jovens hoje, nos quatro cantos do planeta Terra, lutam para obter condições de montar suas próprias empresas do que ter que ir trabalhar numa grande empresa ou para outrem.

Empreendedores de sucesso são responsáveis pelo casamento perfeito entre a tecnologia, habilidades de marketing e uma gestão inovadora. Pode revolucionar toda uma indústria ou mesmo construir uma inteiramente nova, como Bill Gates.

Como acompanhar as rápidas mudanças que a economia vem apresentando? Em 1980, a Microsoft tinha ao todo cerca de uma centena de empregados. Hoje, tem milhares, e mantém o mesmo espírito empreendedor dos seus primeiros dias, quando Bill Gates e Paul Austin começaram a bolar o primeiro software, no seu quarto de estudante.

Os empreendedores têm hoje a seu favor algumas tendências econômicas – computador, comunicação, conteúdo, conhecimento, dentre outros instrumentos, reduzem bastante o custo de montagem de um negócio, que pode ser iniciado com pouco capital pessoal.

Um comentário:

  1. Prezado Emanuel, não é surpresa a riqueza da sua abordagem sobre o mito do desparecimento das micro e pequenas empresas. Nem nas mais diversificadas economias pelo mundo e muito menos no Brasil, que conta, hoje, com mais de 5 milhões de micro e pequenas empresas movimentando aproximadamente 27% do PIB nacional e contribuindo com seis a cada dez postos de trabalho criados. Não restam dúvidas que a atitude empreendedora deve ser estimulada e apoida por governos e sociedade uma vez que estes serão os mais beneficiados com o surgimento de novos negócios.
    Parabéns pelo Blog.

    PS. Estou tomando a liberdade de colocar um link seu em meu Blog.

    Um forte abraço,
    Marcos Berenguer
    www.marcosberenguer.blogspot.com
    www.marcosberenguer.com.br/site2

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