Numa sociedade em que o sucesso é o bezerro de ouro, a importância de dissecar e compreender os fatores e mecanismos leva a que surjam permanentemente um conjunto de teorias e de atores que procuram capitalizar em seu proveito a natural ansiedade que todos temos de ser bem sucedidos.
Naturalmente de entre as múltiplas abordagens que suscita temos que distinguir entre aquelas que usam de rigor científico, contemplam e reconhecem as limitações e complexidades da análise e aquelas, muitas vezes simplistas, onde se sacrifica o rigor à tentação da facilidade vizinha da publicidade enganosa.
O sucesso intrigou desde sempre os especialistas e os filósofos das ciências humanas e as pessoas em geral. O desejo de conhecer e interiorizar técnicas que possam ajudar-nos a aceder ao invejado patamar dos vencedores constitui um excelente motivador pessoal e traz aos seus promotores, celebridade e proveitos.
Infelizmente, o sucesso não se consegue apenas pelo domínio de um conjunto de técnicas. Da mesma forma que não é possível obter balancetes, também não é possível automatizar comportamentos e pôr em prática técnicas específicas, a não ser, se reunirem e desenvolverem um conjunto de aptidões e características pessoais próprias e específicas.
A importância do sucesso no plano do bem-estar e equilíbrio pessoal e do desempenho profissional, acrescido do interesse científico da compreensão do comportamento humano, leva a acreditar que a anatomia do sucesso tenha congregado um vasto conjunto de investigações científicas de alto nível.
Uma das mais reputadas foi conduzida pelo Winslow Research Institute nos Estados Unidos. Nela participaram atletas olímpicos, treinadores profissionais, executivos de grandes, médias e pequenas organizações e trabalhadores qualificados com reconhecido sucesso.
Algumas das conclusões a que os cientistas chegaram começam por destacar dois grupos considerados determinantes: os indivíduos que se orientam para as pessoas e aqueles que, cuja principal orientação é a do trabalho individual.
A orientação social parece constituir um dos fatores com maior predominância nos comportamentos de sucesso. Esta orientação social pode manifestar-se como necessidade de afiliação, que se associa às necessidades de pertença e de agradar, necessidades de poder, que se manifestam nas atitudes predatórias, e necessidades de realização orientadas para o crescimento e desenvolvimento pessoal.
As pessoas e as sociedades que elegem a necessidade de realização como motivação nuclear, crescem e prosperam porque a realização leva ao sucesso e este encoraja as pessoas a inovar e a colaborar para promover o bem comum.
O surto de realizações no Brasil caracteriza as últimas décadas e constitui um sinal promissor de que a realização, como necessidade predominante, ganhou foros de cidadania e constitui uma medida da evolução verificada nos últimos anos na personalidade coletiva dos portugueses após as fases de poder e afiliação da nossa história.
A ambição de realizar só é, no entanto, plenamente conseguida quando as decisões assentam numa forte confiança e auto-estima. É a auto-estima que permite que nos afirmemos através das nossas próprias iniciativas.
São também, as pessoas com uma crença mais forte nas suas probabilidades de sucesso que estão em posição de prestar mais atenção aos sinais internos subtis que são as ideias, pensamentos e sentimentos que potenciam um dos ingredientes mais importantes na química pessoal do sucesso.
Einstein classificou-a como a “coisa que é realmente valiosa”, em sintonia com muitos especialistas que consideram a intuição a manifestação mais perfeita da inteligência humana. A intuição é, entre muitas definições, a capacidade de alcançar uma solução sem se saber como se chegou a ela.
Na tradição racionalista do Ocidente, a importância da intuição tende a ser desvalorizada. No entanto, todas as ideias nascem de intuições que não foram abortadas à nascença pela necessidade de racionalizar e dar consistência lógica que caracteriza o “pequeno ditador” que todos temos dentro de nós.
Naturalmente as aptidões intelectuais constituem fatores essenciais na análise do sucesso individual. Para os especialistas, as aptidões servem para apontar as direções em que a pessoa pode orientar a carreira profissional e a escolha da profissão.
No entanto, a verdadeira medida do sucesso na profissão, a extensão e desenvolvimento do nosso percurso pessoal serão determinados significativamente por fatores de raciocínio verbal e facilidade de expressão.
Um vocabulário limitado e a dificuldade de comunicação impedem que muitas pessoas com excelentes aptidões progridam de acordo com o seu potencial. Os corredores de fundo do sucesso dispõem normalmente duma excelente capacidade de persuasão e comunicação nas suas diversas facetas.
Como é que na prática se distingue a atuação dos campeões do sucesso? Em primeiro lugar — como disse um poeta —, pela capacidade de definir uma visão pessoal exigente assente na convicção de que, como seres humanos, a nossa missão no mundo é alcançar, esgotar todo o nosso potencial individual. É neste conceito que parece radicar um conjunto de práticas assentes na concepção da vida como uma sucessão de montanhas com picos e vales, subidas e descidas.
Acontece que, na era do conhecimento – empreendedorismo + conhecimento = criação de riquezas, os picos são cada vez mais escarpados e difíceis de alcançar. Os escaladores de montanhas são competentes e conhecem bem aquilo que fazem. Acresce a esta competência uma inclinação pragmática que os leva a privilegiar a iniciativa e a ação à reflexão contemplativa. Edison costumava selecionar jovens engenheiros pedindo-lhes que avaliassem a capacidade interna duma lâmpada elétrica.
Entre aqueles que se envolviam em complexos e laboriosos cálculos matemáticos e os que enchiam a lâmpada de água, Edison escolhia os últimos. As pessoas de sucesso gostam do que fazem e fazem-no sem esforço. Extremamente curiosos, não se contentam em saber o como, mas também o porquê das situações.
Este insaciável apetite de aprender leva a que trabalhem duramente para desenvolver as suas competências e para se manterem atualizados toda a vida.
Esta curiosidade e apetência são amplas e diversificadas e abrange um vasto leque de interesses, nos quais a arte constitui, com frequência, o mais importante alimento para a inteligência criativa, o sonho e a intuição. Este estado de curiosidade permanente leva a que estudem toda a vida porque a consciência da ignorância de uma pessoa cresce exponencialmente como os seus conhecimentos.
As estrelas praticam o optimismo e agem com grande autoconfiança. A par da humildade estratégica de reconhecer o que não sabem, as pessoas de sucesso praticam o optimismo e agem com grande confiança em si mesmas.
Os insucessos são encarados como motivos de aprendizagem e degraus para o desenvolvimento pessoal. É esta autoconfiança e capacidade de controlar o medo que fideliza seguidores e determina a capacidade de competir consigo mesmo na procura da excelência.
A compreensão de que a segurança está dentro de nós mesmos e não nos outros constitui a marca distintiva que diferencia a capacidade de passar do sonho à ação, assumir totalmente as responsabilidades, empenhar-se na resolução dos problemas, fazer face às dificuldades e saber gerir os riscos.
Numa sociedade, estes fatores estão distribuídos pela generalidade das pessoas de forma dispersa. O que diferencia o sucesso é a conjugação equilibrada de diferentes fatores: a combinação do pragmatismo da ação com a competência funcional, a humildade de aprender com o empenhamento e a constância no trabalho, o otimismo e autoconfiança na procura do desafio com o gosto e a procura de responsabilidades como fatores de realização pessoal que constituem o ciclo do sucesso
Os empreendedores de sucesso controlam de perto os riscos que assumem. No plano organizacional, a conjugação destas capacidades leva a que os gestores de sucesso se distingam, primeiro que tudo, porque gostam de ser empreendedores, trabalham duramente para desenvolver as competências e manterem-se atualizados, gerem com confiança em si mesmos e nos seus métodos e desenvolvem um estilo e uma estratégia de gestão que se ajustam à sua maneira de ser.
São profissionais que adotam uma atitude mental positiva, que lhes permite serem flexíveis e agir com rapidez e na direção adequada, que compreendem o valor do dinheiro e controlam de perto os riscos que assumem, agem com independência orientados pelas responsabilidades do que pela necessidade de ser popular ou agradar aos outros e que conhecem a importância de agir em situações delicadas com diplomacia, humildade, riscos limitados e pragmatismo.
Pessoas com estas características existem e distribuem-se à nossa volta como verdadeiros ícones e exemplos, que devem ser observados e seguidos por todos aqueles que partilham a convicção íntima de que o sucesso na vida, profissional e pessoal, não é um destino nem uma viagem, mas sobretudo, uma forma de viajar.
A título de conclusão destacamos a matéria de Karin Hueck na revista Superinteressante, julho de 2010, que afirma que Motivação+Treino+ Autocontrole + Sorte = Sucesso, logo o sucesso tem fórmula.
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