sábado, 25 de dezembro de 2010

A VISÃO INTEGRADA DO FENÔMENO DO EMPREENDEDORISMO

O estágio de desenvolvimento econômico de um país ou região pode ser avaliado, também, em função do número de atividades na área da inovação e criação de empresas, particularmente, de base tecnológica.
Ao longo dos séculos o Homem registrou períodos de extremo progresso e mudança. Porém, na segunda metade do nosso século, o conhecimento científico gerado bem como o progresso técnico ultrapassa tudo quanto se descobriu na história humana precedente.
Na linha desta revolução, geraram-se grandes mudanças econômicas e industriais em praticamente todo o mundo. E, conseqüentemente, mudanças nas estruturas econômicas de produção, distribuição e concorrência. A transferência de tecnologia para lugares distantes e a interligação das empresas no mundo inteiro criaram de fato um novo ambiente competitivo.
O investimento permanente em recursos humanos é hoje uma aposta fundamental que pode representar a diferença entre acompanhar a mudança ou ficar paralisado perante a competitividade dos mercados. Em economias abertas e competitivas, são os que investem permanentemente nas pessoas e no desenvolvimento de novos produtos/serviços e tecnologias que melhor enfrentam o choque das mudanças.
O sucesso de uma empresa num mercado global e competitivo passa, essencialmente, pela sua diferenciação em relação à concorrência. A globalização dos mercados trouxe novos desafios. Os empreendedores criadores de empresas de base tecnológica terão que estar atentos a esta tendência mundial.
Até há pouco tempo os economistas, na linha dos clássicos, explicava o desenvolvimento das nações como o resultado de três variáveis: mão-de-obra barata; matéria-prima abundante e capital disponível para investimentos. Hoje, sabe-se que existem duas outras variáveis, provavelmente mais importantes que as demais: a tecnologia e o "empreendedorismo" (o espírito empreendedor).
Ao criador de empresas de base tecnológica cabe o desafio de transformar idéias em produção. Para vencer esse desafio ele terá que descobrir algo que diferencie o seu negócio dos restantes.
Ainda que seja difícil definir o conceito de "empreendedorismo", os economistas reconhecem os empreendedores como indivíduos com visão, dispostos a arriscar o seu próprio dinheiro e o de outros investidores em novos produtos, constituindo-se assim como uma espécie de motor que combina o capital humano e físico, estimulando o crescimento econômico e o progresso.
Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginação fértil para conceber idéias, flexibilidade para adaptá-las, criatividade para transformá-las em uma oportunidade de negócio, motivação para pensar conceptual mente, e a capacidade para ver e perceber a mudança como uma oportunidade.
A Delimitação do Objeto do "Empreendedorismo"
• A Perspectiva da Sociologia (MaxWeber)
O estudo do capitalismo tem sido objeto de enorme controvérsia, estando longe de produzir um consenso entre os estudiosos. O tema popularizou-se a partir do estudo do sociólogo alemão Max Weber (1864-1920) intitulado A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicado em 1904-1905. Numa tese oposta à de Karl Marx, Weber concluiu que a religião exerce uma profunda influência sobre a vida econômica. Mais especificamente, ele afirmou que a teologia e a ética do calvinismo foram fatores essenciais para o desenvolvimento do capitalismo do norte da Europa e dos Estados Unidos.
Na ótica de Weber o “impulso para o ganho”, a “ânsia do lucro”, de lucro monetário, de lucro monetário o mais alto possível, não tem nada a ver em si com o capitalismo. Esse impulso existiu e existe entre empreendedores, médicos, artistas, prostitutas – quer seja em toda a espécie e condições de pessoas, em todas as épocas de todos os países da Terra, onde quer que, de uma forma, apresentou se, ou se apresenta, uma possibilidade objetiva para isso.
Na perspectiva de Weber o ganho ilimitado não se identifica nem um pouco com o capitalismo, e muito menos como o “espírito do capitalismo”. O capitalismo pode até identificar-se com uma restrição ou, pelos menos, com uma moderação racional desse impulso racional. De qualquer forma, porém, o capitalismo, na organização capitalista permanente e racional, equivale à procura do lucro, de um lucro sempre renovado, da “rentabilidade”. Só pode ser assim. Dentro de uma ordem econômica totalmente capitalista, uma empresa individual que não se orientasse por esse princípio, estaria condenada a desaparecer.
Weber propôs a tese de que a Reforma Protestante produziria uma verdadeira revolução, infundindo um espírito mais vigoroso em trabalhadores e empreendedores, que teria levado ao capitalismo industrial moderno.
Pode-se definir o "empreendedor" como alguém que está num negócio por conta própria; que organiza, administra e assume o risco da gestão do empreendimento.
Na introdução de "Inovação e Espírito Empreendedor", Drucker argumenta que os empreendedores são maravilhosos criadores de empregos. Observa que o emprego nas 500 maiores empresas americanas, tem diminuído continuamente desde 1970. E, no entanto, a economia do país apresentou um acréscimo líquido de 40 milhões de empregos, em apenas sete anos, muitos deles criados por companhias que não existiam 20 anos atrás.
Porém, a designação de "empreendedor" não pode ser aplicada a todo e qualquer indivíduo que inicia um pequeno negócio. Os empreendedores são pessoas que, simultaneamente, criam novos tipos de procura e aplicam novos e insólitos conceitos administrativos. Tanto podem estar ligados à iniciativa privada como às universidades, às autarquias, etc.
As grandes transformações da atualidade se refletem em mudanças na sociedade e no trabalho. A prosperidade de um país depende hoje mais do conhecimento do que do capital ou do trabalho. Esta realidade tem implicações profundas para os indivíduos que criam empresas, especialmente, empresas de base tecnológica.
Assiste-se, atualmente, a uma mudança radical na esfera da produção e da vida empresarial, em conseqüência do enorme desenvolvimento da informática e das alterações verificadas na componente social da empresa. Muitas tarefas foram suprimidas pelo computador; a mão-de-obra, em geral, tornou-se mais jovem e a participação cada vez mais ativa das mulheres obrigou à flexibilização nos horários. Faz-se sentir uma crescente necessidade de quadros especializados o que tem vindo a estreitar as relações entre a empresa e o sistema educacional.
As mudanças nos recursos estratégicos do capital para a informação, conhecimento e criatividade, são os fatores fundamentais que impulsionam a expansão empreendedora atual. Mas há outros. As organizações não oferecem mais a segurança de outrora.
• A Perspectiva Psicológica (McClelland)
McClelland, psicólogo da Universidade de Harvard, é o autor da obra "The Achieving Society", na qual procura descobrir a razão pela qual certas culturas funcionam melhor do que outras. Os seus estudos levaram-no a concluir que a necessidade de realização, variável de cultura para cultura, era o elemento chave para responder à sua interrogação.
Constatou que umas culturas ensinavam que a luta era infrutífera, uma vez que o êxito ou o fracasso dependiam do destino; outras transmitiam aos seus membros a visão de que toda a pessoa podia controlar ou, pelo menos, influenciar o resultado da sua vida.
Ao estudar histórias infantis, em verso e em prosa, contos folclóricos e outras formas de comunicação social para a transmissão inconsciente de valores, a fim de recolher indicações sobre o nível de necessidade de realização, constataram que na cultura americana esse nível era extremamente alto.
A necessidade de realização leva os empreendedores a nunca pararem de trabalhar, sempre motivados pela necessidade de fazerem aquilo que gostam. Têm horários de trabalho que em geral ultrapassam as dezesseis horas diárias e, independentemente do dinheiro que tenham amealhado, entregam-se ao trabalho com o entusiasmo próprio de quem está a começar tudo de novo.
A necessidade de realização mobiliza o indivíduo para executar da melhor forma possível um conjunto de tarefas, que lhe permitam atingir os seus objetivos. Os objetivos podem ser competitivos; porém, o foco é sempre a execução perfeita das tarefas que, dentro dos limites éticos, permita superar os concorrentes.
O nível de motivação para a realização é usado por McClelland para explicar alguns aspectos do comportamento típico dos empreendedores:
 extrema independência e autoconfiança e que pode levantar dificuldades para constituir equipas de trabalho;
 fixação de elevados padrões de realização, o que pode torná-lo intolerante para quem defraudar as suas expectativas;
 centralização das atividades e dificuldades na delegação de autoridade.
Além da necessidade de realização, McClelland também analisou a importância das necessidades de afiliação e de poder para suscitar o espírito empreendedor. A necessidade de afiliação traduz o desejo de se estar próximo das outras pessoas, compartilhar das suas alegrias, construir sólidas amizades, obtendo um bom relacionamento interpessoal. McClelland concluiu que essa necessidade, conjuntamente com a necessidade de realização, proporciona um poderoso impulso para alcançar os objetivos, através da interação e cooperação. Além disso, uma forte motivação para a afiliação inviabilizará o aparecimento de conflitos e confrontações. A necessidade de poder, por outro lado, traduz a tendência para dominar ou influenciar outras pessoas. Essa necessidade, quando acentuada, pode dificultar a tarefa de formar uma equipa empreendedora para arrancar com um negócio.
Resumidamente, McClelland identificou as seguintes características do Empreendedorismo: a) habilidade para assumir riscos; b) energia e/ou novo tipo de atividade instrumental; c) responsabilidade individual; d) feed-back sobre o resultado das decisões; e) mensuração dos resultados através do dinheiro; f) antecipação de responsabilidades futuras; g) habilidades organizacionais; e h) interesse por ocupações empreendedoras que envolvam risco e prestígio.
• A Perspectiva Econômica (Schumpeter)
Schumpeter insere o empreendedorismo na ótica da destruição criadora. Esta representa a principal característica do sistema capitalista na percepção de Schumpeter. Definiu-a como um processo orgânico de mutação industrial que incessantemente revoluciona a estrutura econômica a partir de dentro. Este processo de destruição é, segundo Schumpeter, a característica essencial do capitalismo e a ele se deve o encerramento de fábricas e a eliminação de postos de trabalho, mas também dele deriva o imperativo dos agentes econômicos se adaptarem às mudanças tecnológicas e às preferências dos clientes.
Na visão de Schumpeter, o início de um processo de desenvolvimento econômico verifica-se no âmbito da produção, em conseqüência de acontecimentos que alteram profundamente os velhos sistemas produtivos. Estas alterações, que Schumpeter designa de inovações, prendem-se com a introdução de um novo produto ou de uma nova qualidade de um produto, com a implantação de um novo método de produção, a abertura de um novo mercado, a conquista de uma nova fonte de oferta de matérias primas ou de produtos semi-acabados e, finalmente, o estabelecimento de uma nova forma de organização de uma dada indústria ou setor.
Schumpeter chama ato empreendedor à introdução de uma inovação no sistema econômico e empreendedor ao que executa este ato. A empresa e o empreendedor são fatos específicos do desenvolvimento, inexistentes por isso no estado estacionário, no qual a direção da produção implica apenas uma atividade de rotina que não se distingue de qualquer outro tipo de trabalho. A inovação, na ótica schumpeteriana, não se deve apenas ao papel do empreendedor, mas também a fatos exógenos que galvanizam as mudanças econômicas, como seja o desenvolvimento tecnológico.
3. Caracterização do Empreendedor
• Perfil
A gestão das Novas Empresas exige o seguinte perfil do empreendedor:
Capacidade de Assumir Riscos: é a disposição de enfrentar desafios, de abandonar a vida relativamente segura de assalariado para experimentar os limites da sua capacidade, em negócio próprio. Saber enfrentar riscos é a característica nº1 do empreendedor. Depois de instalada a empresa, é preciso saber renovar os produtos e serviços. O avanço tecnológico, os costumes e comportamentos mudam e tudo isso pode afetar o negócio. É preciso arriscar o futuro para não ficar defasado. As recompensas estão associadas aos maiores riscos, que, bem dosados, garantem sucesso ao empreendimento.
Sentido de Oportunidade: enxergar oportunidades onde outros só vêem ameaças, eis a chave da questão. Importam identificar tendências, necessidades atuais e futuras dos clientes; chegar à frente com produtos e serviços novos ou diferenciados. Para isso, é necessário estar permanentemente ligado ao que acontece na sociedade, nos meios de comunicação, no setor em que a empresa opera. Há décadas, os ecologistas eram vistos como seres lunáticos. Hoje, a ecologia é marketing para qualquer negócio.
Liderança: capacidade de induzir pessoas, de usar o poder de influência para solucionar problemas. Delegar responsabilidade, valorizar o empregado, formar uma cultura na empresa, para alcançar o objetivo principal - a satisfação dos clientes. Flexibilidade, velocidade e competência. As armas da administração são a liderança e a participação. O dirigente deve ser um líder, alguém em quem todos confiam.
Jogo de Cintura: ser flexível, isto é, ter capacidade de reconhecer o que é melhor e, se for preciso, mudar tudo em busca da excelência: produtos e serviços, processos, métodos de trabalho e políticas empresariais, enfim, tudo quanto o necessário para ajustar a organização às expectativas dos clientes. O empreendedor deve entender o conceito de parceria nos negócios. Ganhar à custa de outros é uma atitude predatória. Reduz a possibilidade de ocorrência de outros bons negócios e traz o isolamento. Conceder aqui para conquistar ali é ter jogo de cintura. No processo de negociação todos devem ganhar!
Persistência:: definir e manter a direção das energias visando a atingir uma visão de sucesso. O caminho de um empreendedor até a estabilidade pode ser longo e difícil. Muitas vezes pode ocorrer a vontade de desistir. Para que tal não ocorra, a visão de futuro deve ser ambiciosa. Porém, é necessário estabelecer caminhos seguros que permitam tornar os sonhos realidades. Manter o rumo, é saber donde se vai e como chegar lá.
Visão Global da Organização: ver a organização como processo de satisfação das necessidades do cliente, em permanente interação com o meio onde atua. Para atender bem os clientes externos, é necessário que os clientes internos, empregados e colaboradores, estejam satisfeitos. A visão global requer perfeito entrosamento com fornecedores e uma política de boa vizinhança com a comunidade.
Atualização: aprender tudo quanto se relacione com o negócio, clientes, fornecedores, parceiros, concorrentes e colaboradores. Uma descoberta abre caminho para muitas outras e a conseqüência é o aperfeiçoamento. A observação do comportamento das pessoas, do que as preocupa, a convivência com outros empreendedores, o relato das suas experiências e opiniões, tudo isso importa e nos pode ensinar muito.
Organização:: ter sentido de organização é compreender que só se obtêm resultados positivos com a aplicação dos recursos disponíveis, de forma lógica, racional e organizada. Definir metas, garantir a execução conforme o planejado e corrigir os erros de forma rápida são essenciais para se obter o sucesso desejado. Os princípios da qualidade total, sistemas organizacionais modernos e reengenharia, são assuntos que devem ser conhecidos e praticados.
Inovação: cultivar idéias novas, algumas em fase de estudo, outras em vias de execução, é fundamental para o empreendedor de sucesso. O mais importante é transformar as idéias considerado viáveis em fatos concretos e dinâmicos, que possam garantir a permanente evolução da organização. O espírito empreendedor surge como necessidade imperativa para que a organização sobreviva aos novos tempos.
Disposição de Trabalho: ter sucesso na vida empresarial significa envolver-se com a organização em todos os sentidos, da forma mais completa possível, desde a fase da sua criação. Não basta simplesmente ser o dono. É preciso dedicação total. Brincar a ser empreendedor pode custar muito caro. Ser empreendedor é aceitar que o negócio faz parte da sua vida, que é um projeto a realizar.
• Formação
O empreendedorismo pode ser ensinado? Existe alguma formação capaz de gerar empreendedores? Estas questões têm gerado muita polêmica no meio acadêmico. Uns acreditam que o empreendedorismo é algo que nasce com o indivíduo - o desejo de ser independente e a ânsia de gostar de assumir riscos não poderiam nunca ser ensinados nas salas de aula. Outros contra-argumentam que o empreendedorismo é uma habilidade que pode ser aprendida através de um curso de economia, gestão ou engenharia.
O debate vai perdurar por muito tempo. Porém, os cursos de preparação de empreendedores já estão a ser ministrados, dos EUA até a China. É a resposta da comunidade acadêmica à pressão da sociedade para que sejam treinados indivíduos capazes de dar respostas mais rápidas aos problemas da falta de empregos e à criação de negócios de base tecnológica. Através desta aprendizagem os participantes têm a oportunidade de aprender técnicas que lhes permitam desenvolver o seu projeto empresarial, criar o seu próprio posto de trabalho. Nenhum curso, certamente, pode garantir, na fase atual da história do empreendedorismo que os indivíduos apetrechados com esta aprendizagem, sejam melhores empreendedores do que os indivíduos sem qualquer formação nesta área. No entanto, existem fortes indicações de que uma educação empreendedora produzirá mais e melhores empreendedores do que os que foram gerados no passado.
Uma formação em empreendedorismo deve fornecer instrumental que permita aos aprendizes:
1. descrever o papel do empreendedorismo e a sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país;
2. perceber a importância das pequenas e médias empresas como geradoras de emprego e de riqueza;
3. ser capaz de aplicar modelos de tomada de decisão no seu dia-a-dia e ter conhecimento dos diversos tipos de habilidades e decisões necessárias ao sucesso do empreendedorismo;
4. reconhecer a necessidade de um processo contínuo de aprendizagem para a expansão do seu empreendimento;
5. identificar novas oportunidades de negócios e formas de ampliação dos mercados já existentes;
6. desenvolver um plano de negócio que inclua diversas componentes, tais como aspectos financeiros, produção, recursos humanos e marketing;
7. identificar e utilizar serviços de apoio de entidades voltadas para o fomento do empreendedorismo;
8. ser capaz de implementar estratégias de gestão eficazes.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

INCUBADORA SOCIAL: A MÃO VISÍVEL DO FENÔMENO DO EMPREENDEDORISMO CRIANDO RIQUEZAS

O texto apresenta uma metodologia inédita para análise do fenômeno da Incubadora Social, do empreendedorismo social e das organizações que não visam lucros, cuja construção e disseminação em larga escala deste tipo de abordagem, podem contribuir para o surgimento de empresas do terceiro setor.
O empreendedor social não é um capitalista, embora precise de capital, o empreendedor social não é um investidor, todavia assume risco e o empreendedor não é um empregado, podendo, contudo, sê-lo. É freqüentemente um empregado – ou alguém que trabalha sozinho e exclusivamente para si mesmo.
Empreendedor social é alguém que cria algo novo, algo diferente, que modifica ou transforma valores. Ele está sempre buscando a mudança, reage a ela e a explora como sendo uma oportunidade.
Os empreendedores sociais inovam. A inovação é instrumento específico do espírito empreendedor. O empreendedor, por definição, transfere recursos de áreas de baixa produtividade e rendimento para áreas de produtividade e rendimentos mais elevados.
A incubadora de empresa é um instrumento de desenvolvimento econômico, dirigido essencialmente aos setores de atividades geradores de riqueza e que, mediante a sua metodologia de apoio integral, contribuem de forma eficaz para: a dinamização, criação e estruturação de micro, pequenas e médias empresas, a significativa redução da taxa de mortalidade de novas empresas, incentivo à inovação e à competitividade empresarial, a diversificação da produção e o desenvolvimento endógeno; a geração de exportações e de valores acrescentados, entendidas tanto a nível nacional como, sobretudo regional, a geração e a preservação sustentada de postos de trabalho e a respectiva qualificação, o desenvolvimento das capacidades de gestão e o fomento da vocação empresarial, o desenvolvimento da cooperação transnacional, nos âmbitos financeiro, tecnológico e comercial.
As incubadoras, como entidades patrocinadoras de apoio integral ao desenvolvimento das micro e pequenas e média empresas, estão concebidas com a finalidade de pôr em prática dois tipos de mecanismo: mecanismos de seleção, que permitem identificar as iniciativas mais promissoras - tanto de pessoas empreendedoras que desejam criar uma empresa como de empresas já existentes - e aumentar a eficácia das ajudas e programas públicos, mecanismos de organização, dirigidos a melhorar as condições de acesso dos empreendedores e das micro, pequenas e médias empresas aos serviços de apoio às empresas do terceiro setor, aumentando assim as suas possibilidades de êxito.
As incubadoras de empresas são, portanto, eficazes instrumentos de desenvolvimento, adaptados ao seu meio social e empresarial e à sua região. Cumprem uma função social, ao serem instrumentos de desenvolvimento econômico, levando a sua ação através de uma metodologia integral própria, de demonstrada eficácia, regida por critérios estritamente profissionais que transmite ao mundo empresarial. São ainda um meio eficaz e coerente do princípio ao fim - desde o nascimento de um projeto até a sua colocação em marcha e ao acompanhamento posterior, que, com a sua perspectiva dinâmica e integral, ajuda a suprir todo o tipo de carências que poderiam obstar ao êxito de qualquer projeto prometedor, contribuindo assim, de forma relevante, para o bem-estar da Sociedade.
As incubadoras disponibilizam, para as empresas e para os negócios, o acesso aos recursos financeiros e materiais e todos os mecanismos adequados de apoio às iniciativas empresariais viáveis, numa postura de facilitadores da vida das empresas, às quais é mais difícil ultrapassar todos os enormes obstáculos que sempre se colocam quando estão sozinhos à procura dos seus objetivos e ao melhoramento da sua performance empresarial.
Face à sua demonstrada eficácia no desenvolvimento de uma ação profissional e estruturante virada para o desenvolvimento sócio-econômico das regiões, e sendo para tal imprescindível que as incubadoras não abdiquem, em momento algum, da sua total fidelidade à sua Missão, ao seu Conceito e à sua Metodologia, torna-se necessário que sejam equacionados mecanismos de apoio à sua atividade, numa estrita filosofia de prêmio ao desempenho, evitando-se que, por razões de ordem econômica e financeira, estas Incubadoras transijam com atuações que desvirtuem a sua natureza e características ímpares.
O apoio que se defende que o Estado venha a considerar dever conceder às incubadoras de empresas deverá ser entendido: de uma forma global e estruturada, não como um gasto, mas, como um investimento do Estado em estruturas que, pela sua postura independente e altamente profissional, agem no terreno numa tripla ótica econômica e financeira, de criação de emprego qualificado e de desenvolvimento regional, conseguindo benefícios significativos para o Estado e para a Sociedade em geral, na otimização dos dinheiros públicos aplicados nos incentivos à criação de empregos e de empresas e na maximização do potencial de sucesso dos projetos apoiados pelo Estado.
É preciso encorajar a inovação nas empresas, particularmente nas micro e pequenas empresas do terceiro setor, criadas via incubadora. Reforçar o papel das incubadoras de empresas que não visem lucros no processo de criação de empresas é um fator decisivo para o desenvolvimento econômico e social nacional. Assegurar às incubadoras os meios para manterem ativa a sua forma de ação muito particular e diferenciada face a todas as outras estruturas existentes é afinal um bom negócio para o Estado.
Os empreendimentos diferem em duas dimensões pelo seu grau de inovação (criação de algo novo e diferente) e preparação psicológica para assumir riscos.
“O empreendedor olha ao seu redor e pergunta-se – por quê? Porém sonha coisas que nunca viu antes e questiona-se – por que não?”
É o momento de colocar em prática os 4 Is – inspiração, inovação, implementação e incubação .
O organograma de toda empresa devia ter a forma de um átomo, e a palavra cliente escrita bem no meio. O empreendedor de sucesso precisa conscientizar os seus funcionários para resolver qualquer problema que o cliente tenha. Todos sabem que o lucro é fruto da criação, manutenção e fidelização dos clientes.
Cada vez mais se usa a inovação para explorar as oportunidades geradas pelas mudanças. Isto vem tornando-se cada vez mais evidente quando avançamos rumo à sociedade pós-capitalista baseada no conhecimento, é o que preconiza o Peter Drucker em vários de seus textos.
Uma das dimensões-chave para a empresa desenvolver-se em direção a seu mais alto potencial é seu apetite por mudanças, que consiste na capacidade de se desapegar do passado e criar, de forma proativa, novas formas de fazer as coisas que lhe trarão sucesso no futuro.
Muito se fala das rápidas mudanças no mundo dos negócios, do poder crescente dos clientes. Hoje a mudança tem características próprias: é perigosa, traiçoeira, imprevisível e sempre surpreendente.
As mudanças tecnológicas inesperadas são muito rápidas. Recorde-se o exemplo da queda da IBM o que motivou a ascensão da Microsoft.
O papel tradicional das patentes, como defesa da propriedade intelectual, sofreu uma grande erosão. Isso sucede na maioria dos segmentos de alta tecnologia com exceção da farmacêutica, ou seja, para conservarem a liderança , as empresas da alta tecnologia já não podem adormecer a sombra das patentes.
Conseguir impor o padrão e o caminho para uma posição monopolista ou oligopolista no mercado. Neste mercado de alta tecnologia a emergência de um padrão confere um poder de mercado enorme.
As empresas de base tecnológica reavaliam permanemente suas tecnologias centrais. Isso provoca um incremento nas alianças estratégicas, embora muito instáveis, requer uma atitude de “co-opetição”, ou seja, cooperar e competir em mercados diferentes.
Possui alcance, nível de turbulência e aceleração nunca vistas. E o mais atemorizante para os “privilegiados” tempos que vivemos nesta época: a mudança é hipercrítica.
As pessoas não mudam rapidamente. Não é da natureza humana. Em termos abstratos, todo mundo é a favor de mudanças. Mas, quando se trata de coisas que irão alterar diretamente a vida das pessoas, elas não aceitam.
O mundo dos negócios está em ebulição. Vivemos em uma era de mudanças. Assistimos a troca do paradigma da era industrial, quando o foco estava nos pontos fracos, pelo paradigma da era do conhecimento, que determina que cada empreendedor deva concentrar-se em seus pontos fortes e compensar os fracos, montando equipes em que haja pessoas com habilidades complementares.
O segredo para alimentar a inovação está em criar autenticamente um espaço em que seja possível correr riscos.
O comportamento de correr riscos deve fazer parte da cultura e emergir da maneira como as coisas são feitas ao seu redor. Então, a pergunta é: como se estimula uma cultura propensa a assumir riscos?
A essência do empreendedorismo da Era Digital está em uma cultura do risco profundamente arraigada, por isso, há uma enorme diferença entre criar uma empresa em uma incubadora e fora dela.
Temos de entender que o processo de incubação de empresas é resultado de um movimento fantástico de empreendedorismo. Inclusive um movimento de negações, talvez a maior epopéia do homem tenha resultado no espaço ibero-americano.
Foram os ibéricos que transformaram o mundo achando o caminho para as Índias, mas ao mesmo tempo fazendo reconhecimento da África e descobrindo as Américas, tudo isso obra de empreendedores inspirados no mais profundo sentimento de empreendedorismo .
Na nossa visão de mundo: o ser humano nasceu para ser livre, para empreender e não para ser escravo do medo de empreender. Mas o que faz o ser humano ser livre é ele estar disposto de levar o processo empreendedor, o empreendedorismo até o fim, já o escravo do medo de não empreender sempre pára no meio.
O empreendedor brasileiro precisa entender que deve levar o processo até o fim, porque na verdade, o mercado brasileiro é propício para o surgimento de empreendimentos de alta tecnologia.
É preciso estabelecer uma verdadeira ecologia de inovação, na qual a polinização cruzada entre as suas competências técnicas é o segredo do sucesso.
A cultura das empresas incubadas é a ultracompetição e a inovação. O risco e a experimentação de idéias novas têm que ser encorajados, pois os retornos podem ser enormes. O empreendedor alavanca ativos e capacidades para a criação de novos negócios.
2. MISSÃO
Hoje em dia, a criação de micro, pequenas e médias empresas inovadoras, constitui um dos meios mais eficazes para a criação de emprego e riqueza.
As incubadoras têm, portanto, como missão: fomentar a criação de negócios de características inovadoras com potencial de crescimento, através do apoio às pequenas e médias empresas e à modernização de micro, pequenas e médias empresas já existentes. Neste contexto, “inovação” não pode ser assimilada ou restringida ao “invento”, devendo antes ser tida como tudo aquilo que, constituindo vantagem competitiva para a micro, pequenas e médias empresas, a aproxima das necessidades do seu mercado.
2.1. Transformando uma visão numa oportunidade de negócio
Muitos empreendedores estão a todo tempo a converter suas visões, idéias em oportunidades de negócio. Para conseguir obter sucesso, é sugerido um processo composto de quatro etapas: a primeira é transformar a visão - clarificar a visão e ganhar consenso; a segunda está relacionada com a comunicação e ligação - implantar um sistema de comunicação e educação contínua, determinação e fixação de objetivos e vincular as recompensas a uma sistemática que envolva avaliação de desempenho de todos os membros da empresa e a terceira é a elaboração do plano de negócio - fixar objetivos, elaborar as estratégias de negócio, determinar a melhor forma de distribuição dos recursos disponíveis, estabelecer as perspectivas atuais e futuras do empreendimento.
O empreendedor é dotado de energia, exímia capacidade técnica e intelectual, desenvolve muito cedo habilidades voltadas para os negócios que o ajudam bastante quando resolver montar seu próprio negócio, correndo risco, coisas que as escolas de administração não ensinam. Nas escolas de administração se ensina a contar dinheiro e não a fazer dinheiro.
A criatividade é a capacidade de pensar novas idéias, e a inovação, é a implementação dessas idéias. Em outras palavras, criatividade é o conceito e a inovação é o processo que podem fazer com que a empresa possa vir a ser visionária.
A corrente do “empreendedorismo” é sintetizar o elo existente entre a criatividade, inovação e “empreendedorismo”.
Ser inovador significa ser empreendedor, ser capaz de implementar com êxito uma idéia criativa. Muita gente tem idéias criativas, mas se essas idéias não forem colocadas em prática, não haverá inovação.
"A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio ou serviço diferente."
O empreendedor que sabe administrar a criatividade, a inovação e o espírito empreendedor entende que sua função é promover um ambiente de trabalho que permita as pessoas realizar suas tarefas criativas e inovadoras da melhor forma possível. Ele precisa recorrer à psicologia para entender que os seus colaboradores têm basicamente três necessidades fundamentais: realização, poder e afiliação.
3. OBJETIVOS
Os principais objetivos que as incubadoras se propõem atingir são: identificar e apoiar a criação de novas micro, pequenas e médias empresas de conteúdo de inovação crescente e de maior complexidade, identificar novas oportunidades de negócio e para as quais a região em que se insere a incubadora possua vantagens comparativas assinaláveis, identificar e constituir uma bolsa de indivíduos de maior potencial empreendedor e que manifestem clara intenção de conduzir com sucesso um projeto de criação e identificar e apoiar micro, pequenas e médias empresas existentes e que pretendam modernizar ou diversificar a sua atividade, através da introdução de medidas inovadoras.
4. METODOLOGIA
A metodologia utilizada pelas incubadoras consiste em uma forte aposta no desenvolvimento da capacidade empreendedora do incubado, o seu acompanhamento ao longo do percurso que o levará da idéia até ao negócio, ou seja, o período que corresponde à elaboração do seu Plano de Negócio. Podemos dividir este procedimento em seis fases na metodologia implementada: a) promoção; b) recepção; c) seleção; d) orientação; e) gestação e f) incubação.
5. PROMOÇÃO
De um modo geral, o objetivo desta função consiste em: a) promover e estimular a iniciativa empresarial na região, em particular contendo componentes inovadoras; b) detectar todos os detentores de uma idéia ou projeto de atividade inovadora; c) divulgar o conceito de incubadora e os serviços prestados; d) identificar origens de idéias e oportunidades de negócio; e) procurar manter um fluxo constante de candidatos a empreendedor em micro, pequenas e médias empresas agrícolas interessadas na modernização; f) mobilizar e organizar as competências regionais, e g) públicas e privadas, e todas as pessoas susceptíveis de colaborar no desenvolvimento das iniciativas empresariais.
5.1. Mercado – alvo
Constituem público alvo das incubadoras: os potenciais empreendedores e população em geral: a) empregados de empresas que estejam em processo de privatização; b) estudantes concluintes e pesquisadores das principais universidades; c) inventores; d) inovadores; e e) administradores e empreendedores de micro, pequenas empresas existentes, empenhados na sua modernização. Quanto à tipologia dos projetos, privilegiar-se-ão sobretudo projetos de criação de empresas, serviços de apoio à indústria e outros serviços de interesse regional.
6. AVALIAÇÃO E SELEÇÃO
O objetivo fundamental da função avaliação e seleção é o de identificar os projetos a desenvolver, por empreendedores competentes, contribuindo, desta forma, para a redução da taxa de insucesso, e em particular: avaliar as idéias ou projetos, bem como as competências dos seus autores e selecionar os melhores conjuntos idéia/empreendedor e estabelecer um contrato de cooperação com vista ao desenvolvimento do Projeto e à criação do novo negócio.
6.1. Metodologia
As principais etapas no processo de avaliação e seleção de idéias ou projetos e empreendedores são: entrevista de acolhimento: primeiro contato com a idéia e o empreendedor; apresentação do conceito e da metodologia da incubadora, avaliação da idéia e do seu empreendedor: conhecimento profundo da pessoa e da idéia de negócio, recolha de informações sobre a oportunidade do negócio e o seu nível tecnológico, verificação da viabilidade do ponto de vista técnico, comercial, humano, ambiental, econômico e financeiro, seleção: escolha da combinação perfeita da idéia/projeto que reúnam maior potencial de sucesso e contrato: estabelecimento de um contrato de cooperação definindo objeto, direitos e obrigações das partes.
7. GESTAÇÃO
Selecionados os candidatos portadores das suas idéias ou projetos, inicia-se o planejamento das ações necessárias ao desenvolvimento da idéia, de forma a que se transforme num projeto “inquestionavelmente” viável (plano de negócio). Esta fase poderá ter início pelo desenvolvimento do produto, passando pelo projeto e construção do protótipo.
7.1. Desenvolvimento das aptidões de Gestão
Desenvolver os conhecimentos do empreendedor nas técnicas fundamentais do planejamento e gestão empresarial de acordo com as necessidades identificadas pela incubadora, conjuntamente com o candidato, é o objetivo desta função. Assim, pretende-se criar as bases para que o empreendedor do projeto reúna os conhecimentos necessários para gerir o projeto com sucesso.
7.2. Consultoria e Assistência
São objetivos desta função: avaliar o grau de inovação dos produtos ou processos, apoiar o promotor no desenvolvimento de produtos e processos até a sua aplicação comercial, orientar o empreendedor no processo de registro de inventos e patentes, fornecer informação sobre novas tecnologias e tendências verificadas nos diversos setores de atividade e nos mercados internacionais, orientar o empreendedor nos processos de licenciamento industrial.
7.3. Plano de Negócios
O Plano de Negócios, um dos principais fatores de diferenciação da atividade das incubadoras, tem como objetivo apoiar o empreendedor a desenvolver uma sistemática orientada, de forma a reduzir a probabilidade de insucesso. Simultaneamente, a elaboração do Plano pelo empreendedor constitui um teste às suas competências e bem assim um treino que o levará a adquirir maiores competências para dirigir, no futuro, a sua própria empresa.
7.4. Consultoria e Assistência em Marketing
A experiência mostra que é no domínio comercial que as necessidades objetivas de apoio dos empreendedores são maiores, sendo raras as situações em que os promotores estão conscientes de tal. Ao especialista em Marketing caberá, durante esta fase, apoiar o empreendedor em: elaboração do estudo ou de uma análise do mercado, desenvolvimento da estratégia comercial e definição da política de comunicação da empresa a criar e elaboração do plano de marketing.
7.5. Consultoria em outros domínios especializados
A incubadora, através de parcerias com o SEBRAE, proporciona aos empreendedores o acesso à consultoria, regra geral a baixo custo, ou mesmo gratuito, nas seguintes áreas: contabilidade, consultoria jurídica, patentes, propriedade intelectual, gestão de pessoal, informática e outros, determinado casuisticamente, em função do próprio projeto ou da sua envolvente regional e de mercado.
7.6. Acesso a Financiamentos e a Incentivos Financeiros
É objetivo desta função facilitar o acesso a todas as fontes de financiamento, alternativas bem como aos mais diversos sistemas de incentivos financeiros, ou outros disponíveis.
8. INCUBAÇÃO
A maior parte das incubadoras oferece um diversificado conjunto de facilidades. Uma vez o projeto aprovado e a empresa constituída, o empreendedor poderá então optar pela utilização de instalações de todas as oportunidades ofertadas, dispondo assim de espaços e apoio logístico a baixos custos como: a) instalações; b) serviços compartilhados; c) consultoria e acompanhamento na fase de criação da empresa; d) promoção das micro, pequenas e médias empresas.
9. MEIOS ENVOLVIDOS E RESULTADOS OBTIDOS
9.1. A Criação de uma Incubadora de Empresas
A criação de uma incubadora e a sua implantação numa determinada região geográfica resultam, sobretudo, de um consenso alargado entre um conjunto abrangente de Entidades Públicas e Privadas da região (por exemplo, Governos Estaduais e Municipais, Universidades, Associações Empresariais, SEBRAE etc.) que, em parceria e dotando a estrutura a criar dos necessários meios financeiros para a fase de criação, entendem estarem reunidas condições para que o surgimento da Incubadora de Empresas na região constitua um fator de desenvolvimento econômico regional. Essas condições têm que ver com diversos fatores, dos quais podemos destacar o potencial endógeno de desenvolvimento empresarial, a base econômica existente, a população, etc.
10. RECURSOS DAS INCUBADORAS
Relativamente ao quadro de pessoal das Incubadoras, importa referir que estes são geridos por uma pequena equipe de profissionais, a qual tem como função primordial, o controle do planejamento e gestão dos serviços da Incubadora.
Contudo, na nossa percepção, a dimensão da equipe da Incubadora deverá ser constituída, no mínimo, por um diretor e dois assistentes, devendo esta cobrir as áreas de promoção, comercialização, apoio técnico e financeiro, para além do necessário suporte administrativo.
As incubadoras de empresas podem essencialmente ser concebidas para as zonas especiais ou de vocação local, visando a sistematização da organização empresarial e a exploração de potenciais recursos econômicos e humanos de uma determinada região. No entanto, as tendências de terceirização da economia têm influenciado igualmente a cada vez maior importância que é conferida à oferta de espaços para serviços.
No entanto, as ações candidatáveis a sistemas de incentivos ou a Programas de apoio, sejam eles Regionais, Nacionais ou Internacionais, envolvem sempre, e necessariamente, determinados níveis de capacidade de autofinanciamento, não só para suportar a parte de contrapartida do proponente, como para fazer face aos períodos de espera pelo recebimento dos recursos resultantes dos apoios concedidos, para além de exigir, muitas das vezes, a prestação de garantias bancárias ou outras. É, portanto, limitada à capacidade das Incubadoras de recurso a este tipo de soluções, sobretudo se o mesmo tiver de ser posto em prática de forma sistemática.
Para, além disso, existem tarefas inerentes à Missão das Incubadoras, como sejam a Promoção, a Avaliação e a Seleção de Projetos que, ao serem os encargos respectivos totalmente imputados aos Projetos a desenvolver, tornariam o preço a cobrar pelos mesmos insuportáveis para os seus empreendedores. É neste campo que a perspectiva de Desenvolvimento Regional que as Incubadoras devem assumir se lhes torna mais onerosa.
Atualmente as Incubadoras enfrentam um dilema de muito difícil resolução: ou se mantêm fiéis à sua Missão e a desenvolvem com total isenção, independência e profissionalismo, e correr o sério risco de se ver inviabilizada por razões de manifesta insuficiência de meios e ou se deixam desviar para atividades mais compensadoras do ponto de vista financeiro, como serão a prática de consultoria, a venda indiscriminada da elaboração de projetos a sistemas de incentivos, e outras, tudo isto conduzindo inexoravelmente ao afrouxamento dos seus critérios de seleção, à primazia da quantidade sobre a qualidade e a negação da sua verdadeira Missão de Desenvolvimento Regional.
Deve, portanto, colocar-se a questão de se saber se as Incubadoras, mantendo-se fiéis aos seus Conceito e Metodologia, e desempenhando com profissionalismo a sua Missão, desenvolvem ou não uma ação de verdadeiro Interesse Público e de Serviço à Comunidade. Se assim for, então a Comunidade deverá contribuir para o custeamento do Serviço que lhe está a ser prestado.
11. RAZÕES DE SUCESSO DO MODELO DE INCUBADORA SOCIAL
Os resultados da ação das Incubadoras no Brasil evidenciam de forma clara o sucesso do seu Modelo. A Incubadora tem vindo ao longo do tempo, e de forma constante e permanente, a prestar relevantes serviços aos empreendedores interessados em criar seu próprio negócio, sendo portadora de diversos casos de experiências bem-sucedidas.
Desta forma, todas as Incubadoras, operando em rede de uma forma muito dinâmica, incorporam a todo o momento os benefícios resultantes dos ensinamentos retirados da prática comum. Os Guias Técnicos, as Ações de Treinamento, as Conferências e Seminários, as Ferramentas de Apoio, etc., colocadas à disposição da rede, permitem às Incubadoras agir no terreno de forma cada vez mais eficaz, segundo métodos e critérios largamente comprovados.
Podemos resumir da seguinte forma as razões que fazem com que o Modelo de Incubadora Social apresente uma elevada taxa de sucesso: missão e prioridades claras, alto profissionalismo, resultados mensuráveis, efeitos de médio e longo prazo, trabalho em parceria, complementaridade, relação custo/benefício favorável, modelo adaptável e funcionamento em rede transnacional.
12. AS NECESSIDADES DE APOIO DAS INCUBADORAS– ENQUADRAMENTOS E JUSTIFICATIVAS
Em face de tudo exposto anteriormente, faz todo sentido que se estudem formas de financiamento parcial da atividade das Incubadoras pelo Estado, numa perspectiva de apoio em função de resultados e não através de meros subsídios, o que viria a incentivar ainda mais a eficiência das estruturas já instaladas, e na perspectiva de ser garantida a fidelidade da ação das Incubadoras ao seu Conceito, Metodologia e Missão.
Anteriormente, foram já abordadas questões ligadas aos recursos financeiros das Incubadoras e as razões pelas quais, para estes se manterem fiéis aos seus Conceitos, Metodologia e Missão, não logram nunca atingir um patamar estável de auto-sustentabilidade.
Foi igualmente realçada a característica de Serviço Público que a ação das Incubadoras encerra em si mesma e a implicação que de tal decorre para a necessidade de que a prestação de tal Serviço seja compensada pela alocação de recursos públicos adequados.
Para a sua sobrevivência a prazo e para que a sua ação no terreno não seja desvirtuada, é absolutamente essencial às Incubadoras que sejam religiosamente preservados os seus fatores de diferenciação, particularmente em relação a: infra-estruturas tecnológicas, associações empresariais e os seus escritórios de apoio aos empreendedores, associações de desenvolvimento regional e local e empresas de consultoria.
É, portanto, necessário encontrar uma solução de fundo, global, estrutural e estável, para que as Incubadoras possam prosseguir a sua Missão e consigam continuar a representar ferramentas especializadas de apoio à criação e à modernização de empresas inovadoras e geradoras de emprego qualificado.
A solução de financiamento a encontrar, sendo global, deverá igualmente ter em linha de conta as soluções de apoio, entretanto conseguidas individualizadamente por cada Incubadora, não se substituindo a elas nos casos em que tal se venha a revelar prejudicial para a própria Incubadora, pelo estabelecimento de condições que conduzam na prática à redução dos apoios já conseguidos.
Na verdade, a necessidade de recurso não integrado a soluções de financiamento das atividades das Incubadoras contraria o seu espírito de unidade e a sua imagem institucional ao nível nacional. Só uma solução global permitirá, por um lado, garantir a fidelidade das Incubadoras ao seu Conceito original e, por outro, assegurar o fortalecimento da sua capacidade de intervenção e do seu reconhecimento como interlocutores, junto do Poder Central.
A constituição de uma Rede de Incubadoras representa um passo para que a falta de coordenação e de articulação das Incubadoras possa ser ultrapassada e para que as Incubadoras, sem prejuízo da sua intervenção operacional de características eminentemente regionais, possam ter igualmente uma ação interventora de efeitos altamente positivos, a um nível superior e mais abrangente, nos domínios ligados à criação e ao desenvolvimento de empresas, à inovação, à transferência de tecnologias, aos “Spin - off”, etc.
Assim, e se, até agora, o fato de as Incubadoras não terem demonstrado capacidade e empenho suficientes na sua própria articulação interna, tem constituído um fator objetivo em desfavor da busca de uma solução integrada para a resolução dos seus problemas financeiros, resultantes em exclusivo do exercício da sua atividade dirigida para o Desenvolvimento Regional, a sua atual integração numa Rede Nacional, a coordenação de esforços e a unificação da sua imagem daí decorrentes passam a representar fatores igualmente objetivos propiciadores da obtenção dessa mesma solução integrada.
Podendo ser considerado altamente vantajoso face aos resultados efetivamente obtidos em termos de melhoria dos métodos e das práticas de gestão e de incremento dos graus de inovação e de incorporação de tecnologia das empresas, bem como de criação de emprego estável e qualificado.
Sintetizando, pode-se afirmar que o conceito de incubadora, como ambiente gerador de novas oportunidades de negócios, não difere muito daquele utilizado por um recém-nascido, quando ele precisa de tratamento especial. Empresas que entram no mercado podem hoje se instalar em ambientes tão protegidos quanto os dos hospitais. No entanto, em ambas as situações, a dose de esforço pessoal para sobreviver é fundamental.
É preciso não esquecer que o esforço para sobreviver numa incubadora não é diferente do que tem que ser feito lá fora. Não é uma estrutura paternalista. O espírito empreendedor e o empenho para produzir produtos inovadores, eficientes e eficazes têm que estar presentes.
A incubadora não é espaço de aluguel de sala, não é um prédio comercial. É preciso ter uma visão mais ampla e ter idéia do quanto à proximidade com uma universidade pode ser útil.
A incubadora torna possível a entrada no mercado de empreendedores que não têm base empresarial e precisam de orientação. É uma espécie de “chocadeira”, onde se faz a gestação de empreendimentos até que se tornem negócios independentes.
É importante destacar o papel da Incubadora Social no processo de coordenação dos esforços das empresas que não visam lucro, do terceiro setor no sentido de cada vez mais transformar o cenário econômico e social deste vasto país.